Transtorno Explosivo Intermitente (TEI): o que é a Síndrome de Hulk?

Postado em 1 de fev de 2022
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A Síndrome de Hulk pode ser classificada como um transtorno onde o paciente apresenta episódios de raiva desmedida e pode ser bastante prejudicial no ambiente de trabalho.

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) foi nomeado popularmente como Síndrome de Hulk em homenagem ao personagem da Marvel.

Nas histórias, o incrível Hulk é um alter ego do Dr. Bruce Banner, que aparece sempre que o cientista perde a calma. Já na vida real, a síndrome faz com que uma pessoa tenha acessos desproporcionais de fúria, angariando problemas na vida profissional e perdas na vida pessoal.

Neste artigo, vamos explicar o que é a Síndrome de Hulk, como ela se apresenta e onde buscar ajuda para aprender a lidar com os sintomas.

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O que é a Síndrome de Hulk?

Síndrome de Hulk é um nome popular dando para o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI).

Este é um distúrbio caracterizado por um comportamento impulsivo e agressivo que leva o paciente a agir de maneira desproporcional quando algo o irrita.

O TEI é classificado como um tipo de Transtorno do Controle dos Impulsos (TICs) e está na mesma categoria da cleptomania e piromania.

Um estudo da American Psychiatric Association (APA) identificou que 2,7% da população dos EUA sofre com o distúrbio e que estariam neste grupo pessoas com baixo nível de escolaridade entre 16 e 35 anos.

Já no Manual conciso de psiquiatria clínica, estudo feito com pacientes em um hospital psiquiátrico universitário, se identificou que 80% dos pacientes com Síndrome de Hulk eram homens.

No Brasil, acredita-se que cerca de 3% da população sofra com TEI, isso representa 6,2 milhões de pessoas em uma proporção de três homens para cada mulher.

Normalmente, é possível diagnosticar a Síndrome de Hulk a partir dos 6 anos de idade. Antes disso, os sintomas podem ser confundidos com hiperatividade. Acredita-se que os sintomas chegam no ápice por volta dos 18 anos.

A origem do nome popular do Transtorno Explosivo Intermitente

O nome popular do distúrbio foi dado em homenagem ao personagem Hulk, da Marvel.

Nos quadrinhos e nos filmes, o cientista Bruce Banner tem uma condição que faz com que, cada vez que fica com raiva, se transforme em um brutamontes verde.

O personagem se inspira nos clássicos Frankenstein, de Mary Shelley, e O Médico e o Monstro, de R. L. Stevenson, e define muito bem o comportamento de alguém durante um acesso de TEI.

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Os sintomas da Síndrome de Hulk

Tendo em mente que nem todo mundo que sente raiva apresenta a Síndrome de Hulk, existem alguns sintomas que podem ser associados com o Transtorno Explosivo Intermitente. São eles:

  • Apresentar surtos de raiva repentinos que não há como controlar;
  • Suor com intensidade, sentir formigamento e batimentos cardíacos acelerados;
  • Falta de paciência e irritabilidade;
  • Ter tremores musculares;
  • Proferir ameaçar verbais e apresentar agressividade física a pessoas, objetos e animais;
  • Ter sentimento de culpa depois de um acesso de raiva.

A raiva é um sentimento normal ao ser humano, ela aparece quando nos sentimentos frustrados, inseguros ou quando queremos protestar contra algo ou alguém.

Ela varia de intensidade dependendo do acontecido e do ambiente onde estivermos, sendo mais comum a algumas pessoas do que a outras.

Porém, a raiva deve sempre ser um sentimento que podemos controlar e ter consciência.

Quando não há controle sobre a fúria, quando não se tem consciência de um episódio de raiva ou quando ela coloca em risco o nosso bem-estar e de quem está ao nosso redor, chegou o momento de buscar ajuda.

Para identificar que uma pessoa sofre do distúrbio, é preciso ter o diagnóstico de um psiquiatra, que analisará histórico médico e familiar, além de relatos de amigos e parentes do paciente.

É importante acrescentar que a Síndrome de Hulk não tem ação premeditada. Ou seja, a pessoa não sabe como vai reagir a determinada situação, ela apenas reage desproporcionalmente.

Como acontece o diagnóstico?

No momento do diagnóstico, o médico psiquiatra fará uma checagem de exames e história médico e familiar, além de entrevistas com membros da família do paciente e seus amigos.

A intenção dessa investigação é encontrar as causas certas da Síndrome de Hulk e entender se o que o paciente está apresentando são sintomas de TEI mesmo.

É sabido que os sintomas de TEI podem se confundir com outras condições psiquiátricas, como os transtornos de Bipolaridade, por exemplo. Além disso, dois critérios que serão analisados são a intensidade dos acessos e a frequência com que eles acontecem.

Crises consideradas leves costumam envolver xingamentos, ameaças e agressões físicas sem lesão corporal. Porém, em casos mais graves, um acesso pode resultar em lesão corporal e crimes contra patrimônio.

E isso traz um novo âmbito para o distúrbio, que é encarar a lei. Por isso, é preciso ter calma e certeza no diagnóstico e nunca chegar à conclusão sozinho.

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As possíveis causas da Síndrome de Hulk

Não se sabe com certeza quais são as causas da Síndrome de Hulk, porém estudiosos podem apontar alguns fatores, entre biológicos e sociais, que podem causar o distúrbio.

Entre os fatores sociais, podemos citar exposição à traumas, como acidentes, histórico de abusos físicos e/ou sexuais ou exposição a familiares com comportamento impulsivo e agressivo.

Já entre os fatores biológicos, existem alguns estudos que sugerem que o paciente com Síndrome de Hulk pode apresentar menor volume de massa cinzenta na região das emoções no cérebro, ou que tem baixa produção de serotonina, um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar.

Também existem evidências de que pessoas contaminadas com toxoplasma teriam mais facilidade em desenvolver o distúrbio, assim como pessoas com as proteínas c-reativa e interleucina-6 elevadas.

Neste caso, as proteínas estarem elevadas significa que há inflamação, gerando respostas agressivas do organismo.

Quanto à Síndrome de Hulk ser genética, os estudiosos por trás do Manual conciso de psiquiatria clínica, já citado aqui, B.J Sadock e Virginia A., afirmam que parentes em primeiro grau de pacientes com TEI possuem riscos mais altos de também apresentar TEI.

Apesar desta afirmação, esta não foi uma certeza apresentada pelos estudiosos.

O impacto da Síndrome de Hulk na vida das pessoas

Se não for tratado, o Transtorno Explosivo Intermitente pode atrapalhar, e muito, a vida de quem apresenta o distúrbio.

Os principais impactos ocorrem na vida pessoal e profissional, com o paciente sendo afastado pelas pessoas que ama, perdendo o emprego, se ferindo, tendo a possibilidade de ter problemas com a lei e enfrentando muitas dificuldades de ter relacionamentos duradouros.

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Onde buscar ajuda?

É importante evidenciar que a Síndrome de Hulk não tem cura, porém isso não significa que ela não possa ser tratada com a ajuda de um profissional.

O primeiro passo para buscar ajuda é o paciente entender que ele apresenta o TEI. E isso é algo delicado porque muitos pacientes se recusam a acreditar que podem ter um distúrbio.

Depois de um acesso, é comum que a pessoa finja que nada aconteceu ou que fique envergonhada, dificultando a sugestão de que busque ajuda.

Porém, superado este obstáculo, existem maneiras de evitar que novos acessos aconteçam.

  • Psicoterapia: assim que o TEI for identificado, o ideal é que o paciente busque a ajuda de um psicólogo e comece a fazer um acompanhamento e para tentar encontrar os gatilhos. A psicoterapia, nesse sentido, ajuda o paciente a entender de onde vem o problema e a encará-lo também.
  • Meditação: uma prática indicada para ajudar no tratamento de diversas situações é a meditação. Esta prática milenar foca na regulação do corpo e da mente, ajudando a manter o controle, assim diminuindo a ansiedade e o estresse. Para quem sofre com Síndrome de Hulk, a meditação ajuda a diminuir os efeitos e a controlar os pensamentos.
  • Exercícios físicos: outra indicação em diversas situações, os exercícios físicos ajudam a regular as funções neurofisiológicas, liberando hormônios que ajudam a diminuir a ansiedade, a depressão e os quadros de raiva, como as endorfinas e os cortisóis.
  • Medicação: existem também casos em que se fará necessário o uso de medicação. Porém, quem fará essa avaliação será o psiquiatra. Nesse caso, a medicação ajudará a controlar as emoções e diminuir a agressividade.

Chegando ao final deste artigo, esperamos que a Síndrome de Hulk tenha ficado clara para você. Este distúrbio, que faz referência a acessos de raiva desmedida de um paciente, foi nomeado de acordo com o personagem Hulk, da Marvel.

Ao contrário da ficção, ser dominado pela raiva de forma incontrolável não é um superpoder e precisa de tratamento.

As consequências para sua vida pessoal e profissional podem ser devastadoras, então não hesite em buscar ajuda profissional.

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Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.