“Tipo”, “daí”, “pegou mal”... Cuidado com as marcas de oralidade!

Postado em 23 de abr de 2022
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As marcas de oralidade são palavras e expressões usadas de maneira coloquial na língua falada que se transferem para a língua escrita.

São expressões como as expostas no título deste artigo, bastante comuns em conversas do dia a dia, e que, dependendo do ambiente onde utilizadas, são aceitas.

O problema, entretanto, surge quando essas marcas de oralidade aparecem em e-mails formais de trabalho, em entrevistas de emprego ou na sua redação do Enem.

Deixar que elas apareçam em situações em que a norma padrão é o desejado pode fazer a sua imagem parecer menos profissional e, até, sua nota no Enem cair.

Neste artigo, vamos conversar sobre o que são as marcas de oralidade, quais são os principais exemplos e por que você deveria evitá-las.

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O que é oralidade? E escrita?

Para começamos a falar sobre as marcas de oralidade, precisamos voltar um pouco e falar também sobre o que é a oralidade e o que é a escrita.

As duas são variações linguísticas, uma delas representando a maneira como um idioma se expressa pelos sons e a outra, pelo registro material.

A oralidade é a modalidade falada, quando uma pessoa usa seu aparelho fonador para se expressar.

Essa variação é aquela que aprendemos primeiro. Antes de escrever, uma criança aprende a falar, então uma característica interessante da oralidade é a efemeridade e a repetição.

O vocabulário acaba sendo menos cuidadoso nessa variação também, assim como o apego pela norma padrão é bem menor na variação falada.

Por outro lado, a variação escrita da linguagem tem um caráter muito mais formal, talvez justamente por conta do motivo pelo qual nasceu.

A escrita nasceu da necessidade de registrar algo. E como esse registro era feito, na maior parte das vezes, pensando na posteridade, a formalidade era requerida.

Por conta disso, a oralidade tem um caráter muito mais informal e coloquial enquanto a variação escrita da língua é mais formal, mais apegada à norma padrão.

Como o ambiente influencia na formalidade da linguagem

E embora possamos fazer a afirmação acima, a informalidade não é exclusiva da oralidade e nem a formalidade, da escrita. Isso porque tudo depende do ambiente.

Quando estamos conversando com nossos amigos por mensagem ou em uma mesa de bar, a tendência é sermos mais coloquiais.

Porém, quando estamos conversando com nosso chefe no trabalho ou escrevendo um e-mail de apresentação para uma pretensão de trabalho, o tom se torna mais formal.

Note que o ambiente e a situação também são decisivos na hora de falar e escrever. Por isso, o cuidado com as marcas de oralidade é tão necessário.

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O que são marcas de oralidade?

As marcas de oralidade são traços de gírias, abreviações, expressões populares, ou comuns em diálogos, e erros de português que aparecem em textos.

Por vezes, dependendo do gênero escrito, essas marcas podem ser propositais. Por exemplo, na literatura e em crônicas, para representar um diálogo orgânico.

Porém, quando a situação é mais formal, como a redação do Enem, uma marca de oralidade é vista como um desvio da norma padrão.

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Exemplos de marcas de oralidade em textos

Os exemplos que demos no título deste artigo são um bom ponto de partida para falarmos sobre os exemplos de marcas de oralidade em textos.

Expressões como “Tipo assim” e “Daí” são conectivos e palavras de transição que usamos de maneira informal para ligar uma frase à outra ou dar continuidade a uma história.

Elas podem ser substituídas por “por exemplo” e “então”.

Também existem as contrações que utilizamos para garantir que o interlocutor está acompanhando nosso discurso, como “né?”, “hein?” e “tá ligado?”.

Elas poderiam ser substituídas por “entende?” para manter o sentido, mas dentro de uma redação, por exemplo, o ideal é não utilizar esse tipo de expressão.

Mas para além dessas marcas de oralidade, existem as expressões coloquiais que podem, muito bem, ser substituídas por outras expressões mais formais sem perder o sentido.

Confira uma listagem de exemplos:

  • “Pegou mal” pode se tornar “passou a impressão errada”
  • “Não é flor que se cheire” pode virar “não é confiável”
  • “Pegar no pé” pode ser substituído por “importunar”
  • “Encher linguiça” pode virar “estender um assunto sem necessidade”
  • “Quebrar um galho” pode se tornar “improvisar”

Também existem marcas de oralidade que são consideradas erros de português quando transcritas.

Os desvios de concordância são bastante comuns na fala, mas erros na escrita. Como por exemplo: “Pega os livro para mim?” ou “As menina ficaram brincando lá em casa”.

Outros exemplos dessa categoria são as contrações de “para” para “pra” e “está” para “tá”.

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Por que evitar as marcas de oralidade na redação do Enem

Como você já deve ter percebido, deixar que as marcas de oralidade apareçam em ambientes mais formais podem prejudicar sua comunicação e imagem pessoal e profissional.

Isso porque elas podem dar a impressão de que você não sabe se portar naquela situação, o que coloca sua credibilidade em xeque.

O mesmo vale para a redação do Enem, que segue um modelo dissertativo-argumentativo e precisa conter uma linguagem mais formal e impessoal.

Além disso, a presença de marcas de oralidade pode diminuir a sua nota, já que elas não seguem a norma padrão da língua portuguesa.

Como sabemos, a redação do Enem é corrigida por uma banca avaliadora tendo como guia cinco competências.

Cada uma delas gera até 200 pontos para o candidato. A competência prejudicada pelas marcas de oralidade é a primeira.

Confira o que ela diz:

  • Competência 1: Domínio da escrita formal da língua portuguesa

Essa primeira competência avalia como o candidato lida com as regras de ortografia e também se sabe utilizar regência, concordância, pontuação, emprego de pronomes, crases e paralelismo.

Isso significa que deixar de seguir a norma padrão é ferir a competência 1, o que pode fazer com que sua nota na redação diminua em até 200 pontos.

Por isso, é essencial entender o que são marcas de oralidade e identificar se você tem o vício de utilizá-las em situações formais.

Sabendo se você tem esse hábito ou não, fica mais fácil conseguir eliminá-lo.

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Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.