Espanhol europeu e latino: quais são as principais diferenças?

Postado em 21 de dez de 2021
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Você sabia que existem diferenças entre o espanhol europeu e o latino?

Apesar de serem, na teoria, o mesmo idioma, vários fatores influenciam tanto na língua falada quanto na escrita, em especial a cultura de cada país.

Assim como acontece com o português, é importante conhecer a variação linguística para se comunicar em qualquer idioma, seja ele inglês ou espanhol — ou qualquer outro.

Conhecer as diferentes formas do idioma ajudará você a responder as questões de espanhol do Enem, já que a maioria é focada em interpretação de texto.

Conheça as principais diferenças entre o espanhol europeu e latino a seguir:

 

A variedade linguística na Espanha

Uma das principais características que diferencia o espanhol europeu do idioma que é falado pelos outros países é o uso da palavra “vosotros” — e não apenas o pronome, mas a segunda pessoa do plural também.

Na América Latina e adjacências, essa conjugação raramente é usada e isso acontece até mesmo na Argentina, em que o pronome “vos” é usado na segunda pessoa do singular.

Outra diferenciação entre os países é que no espanhol da Espanha a pronúncia do “S” e do “Z” é diferenciada. Geralmente, isso não acontece nas outras regiões que falam o idioma.

O “S” europeu, por exemplo, tem o mesmo som do “S” em português em palavras como “sapo” ou “sopa”.

Já o “Z”, por sua vez, tem um som mais parecido com o do “TH” em inglês. É como se fosse preciso morder a língua para falar. Nos outros países que falam o espanhol, o “Z” é pronunciado da mesma maneira que o “S”.

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As variações do espanhol na América Latina

Assim como existem variações no português falado no Brasil e em Portugal, o mesmo acontece com o espanhol nas regiões que utilizam essa língua na América Latina.

Confira quais são elas a seguir.

América do Sul

Mesmo que existam muitas semelhanças no espanhol que é falado nos países da América do Sul, cada país conta com algumas particularidades.

A Venezuela, por exemplo, fala um castellano muito mais tradicional na capital do país, Caracas. Já nas regiões do interior existem diferentes sotaques.

Alguns países, como o Equador e o Peru, utilizam muitas palavras puxadas do nosso português — com a interjeição “poxa!”.

Em ambas as línguas ela tem o mesmo significado, mas no espanhol a pronúncia é um pouco diferente: algo como um “putcha”.

Já na Argentina, é comum que o som do “S” se torne um pouco mais aspirado, quase mudo, quando aparece à frente da letra “T”, como nas palavras “viste” ou “estudiar”. Por lá também é muito comum usar o pronome “vos” no lugar do “tú”.

O Chile, por sua vez, tem uma série de palavras e gírias próprias utilizadas com muita frequência pelos nativos. Isso faz com que essa variação seja difícil de ser entendida mesmo para os falantes de espanhol de outras regiões.

O país também se aproxima de outros países da região do Rio Prata (como Paraguai, Uruguai e Argentina) na pronúncia de alguns sons. O “Y” de palavras como “desayuno” e “yo”, por exemplo, nessas regiões tem um som muito próximo do nosso “X”.

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Bandeira hasteada em Santiago, no Chile. Créditos: Thomas Griggs/Unsplash.Bandeira hasteada em Santiago, no Chile. Thomas Griggs/Unsplash.

México

Até os dias de hoje, o México é um país que conta com uma grande população indígena.

As civilizações da América pré-colombiana, que foram exterminadas com a colonização, compartilhavam diversas características linguísticas e culturais que nunca desapareceram por completo e ainda são muito presentes na cultura mexicana. Esse conjunto se reflete naturalmente no idioma e nas variações linguísticas presentes no país.

Tudo isso dá ao espanhol mexicano um sotaque que é definido pelos linguistas como um pouco mais “rápido” que o dos outros países.

O mesmo vale para os outros países da América Central, já que os povos pré-colombianos — como os incas, astecas e os maias — ocupavam um território que se estendia até aproximadamente onde hoje fica localizado o Panamá.

Cidade do México. Créditos: Bhargava Marripati/Unsplash.Cidade do México. Bhargava Marripati/Unsplash.

Caribe

O espanhol caribenho se diferencia dos demais países latino-americanos devido à grande influência de populações negras de diferentes regiões da África na sua formação. As ilhas serviam como um entreposto comercial por onde as pessoas escravizadas vindas do continente passavam.

Além disso, era comum que os mercadores de escravos capturassem reunissem pessoas de diferentes grupos étnicos para dificultar a comunicação entre elas e, assim, evitar o planejamento de rebeliões ou fugas.

Um exemplo dessa influência é a língua crioula papiamento, falada por mais de 300 mil pessoas no Caribe e língua oficial de Aruba. Ela tem origem nos povos que vieram das zonas de Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, no século 16. Com o passar dos séculos, foram incorporadas expressões do português, espanhol e holandês.

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Vista aérea de Oranjestad, Aruba. Créditos: Wikimedia Commons CC 4.0Vista aérea de Oranjestad, Aruba. Wikimedia Commons CC 4.0

Exemplos da variação linguística entre espanhol europeu e latino

A seguir, listamos alguns exemplos da variação linguística que existe entre o espanhol falado na Espanha e o falado nas Américas. Confira!

Gramática e vocabulário

É muito comum que palavras do cotidiano variem de país para país. Ônibus, por exemplo, se diz de maneiras completamente diferentes: na Espanha é “autobús”, já na Argentina é chamado de “colectivo”, enquanto no México o chamam de “camión” e na Colômbia, de “bus”.

A palavra apartamento é outro exemplo interessante. Enquanto nos países da América Latina eles utilizam a mesma palavra que usamos no português — e departamento também — para se referirem a esse estilo de imóvel, na Espanha eles o chamam simplesmente de “piso”.

Mas as diferenças não param por aí. Confira outros exemplos:

  • Panela: olla (países latinos) x puchero (Espanha);
  • Caneta: birome (na Argentina e no Uruguai) x pluma (nos outros países latinos) x bolígrafo (Espanha);
  • Calçada: banqueta (México) x vereda (Argentina) x acera (Espanha);
  • Feijão: porotos (Argentina) x frijoles (demais países latinos) x judias (Espanha);
  • Carro: carro ou auto (nos países latinos) x coche (Espanha);
  • Papai Noel: Santa Claus (América Central e México) x Papá Noel (Colômbia e Espanha) x Viejito Pascuero (Chile);
  • Elevador: elevador (nos países latinos) x ascensor (Espanha);
  • Aluguel: arriendo (Colômbia) x renta (Chile e México) x alquiler (Espanha).

As expressões também acompanham essas diferenças entre o espanhol europeu e o latino. Quando alguém quer dizer que alguma coisa “está legal”, por exemplo, na Espanha dizem “¡Esto mola!”. Já na Colômbia, as pessoas falariam “¡Está bacano!”.

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Fonética

É na fonética que a variação linguística é mais perceptível.

No espanhol falado na Espanha, por exemplo, palavras que tenham “LL” são pronunciadas com o som de “LH”. No Uruguai, na Argentina e no Chile, a pronúncia muda e se aproxima bem mais do som de um “J”.

A palavra “paella”, um prato típico da culinária espanhola, é um bom exemplo para notar essa diferenciação na prática.

Na Espanha, a pronúncia seria “paelha”. Na Argentina, a mesma palavra é falada “paeja” e os outros países da América Latina que falam espanhol pronunciam “paedja”.

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Como você pôde perceber, o espanhol europeu e o latino podem soar bastante diferentes e, inclusive, têm muitos falsos cognatos. É importante lembrar que essas variações linguísticas fazem parte dos costumes e da cultura de cada localidade.

Apesar das diferenças — que não são poucas —, é possível entender o idioma de uma maneira geral e se preparar para o Enem e os outros vestibulares.

Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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